A PRESSÃO PARA SER O MELHOR PODE PROVOCAR SÉRIOS PROBLEMAS DE SAÚDE. TANTO NO PLANO PROFISSIONAL COMO NA VIDA PESSOAL, DEVEMOS EVITAR COMPETIÇÕES DESENFREADAS E DOENTIAS.
Costuma dizer-se que a vida é uma corrida de obstáculos. E é certamente assim para muitas pessoas, habituadas a esforçarem-se para chegar sempre a tudo e a todos. A pressa e a ansiedade perpétuas são os sintomas mais claros do excesso de competitividade, essa obsessão por dar sempre o melhor de si, que pode acabar por se transformar num problema sério. A pressão inicia-se muito cedo, logo na infância, quando começamos a sentir-nos avaliados de forma permanente pelos nossos pais, pelos professores e pelos próprios colegas. Ao atingirmos a idade adulta, amplia-se a liberdade de escolhas, mas também chegam as grandes responsabilidades, sobretudo as associadas ao mercado laboral. Basta ler os requisitos para concorrer a qualquer oferta de emprego: costuma exigir-se um elevado grau de especialização e, ao mesmo tempo, conhecimentos e aptidões que abarcam vários campos. E não é suficiente estar à altura dessas exigências, porque centenas de outras pessoas também o estão e aspiram ao mesmo trabalho que nós.
Uma vez conseguido o emprego, não se pode dizer que as coisas melhorem. Há que continuar a competir: com outras empresas, com os próprios colegas e, sobretudo, connosco próprios, para melhorar e poder aspirar a um melhor salário ou a uma promoção. A resposta a este tipo de pressão varia, em grande medida, com o carácter de cada um. É provável que uma pessoa seja capaz de ultrapassar os desafios sem demasiado esforço nem sofrimento, enquanto outras se sentem como escravas, vítimas da febre da competitividade sem limites. Se se encontra neste último caso, o melhor será refletir sobre as circunstâncias que o levaram a essa situação. Pode acontecer que seja uma das muitas pessoas particularmente vulneráveis ao stress, à síndroma das eternas pressas que não levam a parte alguma.
A cultura ocidental está muito centrada no trabalho, ao contrário de outras, como a oriental, que aposta num estilo de vida mais espiritual e relaxado. Inclusive na Europa, encontramos países, como a Holanda, em que as jornadas laborais são muito mais curtas. Pelo contrário, os portugueses tendem a trabalhar muitas horas, talvez demasiadas, mas o resultado desse esforço costuma ser um rendimento laboral bastante baixo. Talvez se deva a uma deficiente organização e planificação das nossas empresas, ao hábito de efetuar longos períodos de descanso entre tarefas ou à tendência para deixar tudo para o último momento e acabar fazendo-o à pressa, sem o cuidado necessário. Outras causas prováveis são as pressões individuais ou de grupo – exercidas por chefes ou colegas – ou problemas pontuais, como o excesso de responsabilidade ou não saber delegar.
A sociedade moderna tende a avaliar as pessoas pelo seu trabalho e nível financeiro. Nós próprios temos muito em conta o nosso estatuto profissional e quanto dinheiro ganhamos, quando procuramos avaliar e decidir se estamos satisfeitos connosco próprios. O nosso conceito de qualidade de vida, que é um valor quase supremo na sociedade em que vivemos, centra-se em ter um trabalho digno, uma boa casa, um automóvel topo de gama e uma razoável capacidade de consumo. Habituámo-nos a perseguir sem descanso esses objetivos, em vez de, simplesmente, viver ao nosso ritmo e retirar prazer daquilo que fazemos.
A resposta individual ao stress e à necessidade permanente de competir depende, em grande escala, de fatores biológicos. Apesar de tudo, a experiência anterior e aquilo que se aprendeu podem melhorar em muito a capacidade de resposta a estas pressões. Por outro lado, o meio ambiente, as pessoas que nos rodeiam e as atitudes e reações próprias também são fatores de grande importância, que contribuem para nos fortalecer ou, pelo contrário, para nos tornar mais vulneráveis.
A competitividade também tem efeitos positivos, pois conseguir aquilo que se quer pode ser um poderoso estímulo, que trás à luz do dia o melhor de cada um. Competindo, exploram-se as verdadeiras potencialidades e adquirem-se novos conhecimentos, algo que pode ser muito satisfatório e ajudar a progredir, não só a nível laboral, como também a nível social e pessoal. Entre os efeitos negativos, está o risco de se esquecer de si próprio, das suas verdadeiras necessidades, tornar-se obsessivo e perder a capacidade de apreciar aquilo que faz em cada momento, sem pensar num objetivo final.
Se o que leu até agora o fez pensar que talvez tenha um problema de excesso de competitividade, passe os olhos pela lista de conselhos práticos que se segue, os quais podem ajudar a superar o problema.
Aspetos relacionados com o excesso de competitividade
A competitividade pode ser um poderoso estímulo, mas também pode converter-se num grave problema
Pense nas vantagens e inconvenientes do estilo de vida que escolheu: interrogue-se se os objetivos são realistas e se os sacrifícios compensam