Crescimento Saudável: Dúvidas frequentes
NUNCA MAIS, DURANTE O RESTO DA VIDA, O SEU FILHO VOLTARÁ A CRESCER DE UMA MANEIRA TÃO ESPETACULAR COMO DURANTE OS SEUS PRIMEIROS ANOS. UMA CORRETA EVOLUÇÃO DO PESO E DA ALTURA SERÃO O MELHOR SINAL DE QUE GOZA DE UMA BOA SAÚDE. PARA QUE POSSA SEGUIR DE PERTO TODO O PROCESSO, RESPONDEMOS ÀS DÚVIDAS MAIS COMUNS SOBRE O CRESCIMENTO INFANTIL.
Pode até ser maior. A hereditariedade condiciona o crescimento das pessoas em 60 a 80%; isto significa que é o fator mais influente. Os restantes 20 a 40% são determinados pela nutrição, pelas condições de saúde e pela atividade hormonal, razão pela qual a altura das crianças aumentou 10 cm, em média, nos últimos anos. Na realidade, a sua alimentação é melhor e a medicina experimentou grandes avanços.
O normal é que de pais altos nasçam filhos altos e de pais baixos filhos baixos; mas também podem haver surpresas, pois os genes que se herdam não proveem apenas dos pais, mas também dos avós e bisavós.
Sim. Através da alimentação da mãe, é possível influenciar tanto o crescimento pré-natal como pós-natal. Se a mulher teve uma nutrição incorreta durante os nove meses de gravidez, a criança, além de nascer com baixo peso, poderá não nunca atingir o seu potencial de crescimento. Uma boa percentagem de crianças experimenta um crescimento de recuperação, que faz com que atinjam, num curto prazo, o ritmo de crescimento normal; mas outras ficam, para sempre, abaixo daquilo que seria a sua estatura genética. Daí que seja tão importante cuidar a alimentação, durante a gestação.
Existem cinco métodos básicos para calcular, de forma aproximada, a altura que uma criança terá ao atingir a idade adulta. O mais simples e do qual se valem quase todos os pediatras calcula a estatura da criança a partir da estatura dos pais. Somam-se as alturas do pai e da mãe, divide-se por dois e, ao valor resultante, retira-se 6,5 cm, se for uma menina ou soma-se 6,5 cm, se for um rapaz. Para que a fórmula funcione, é necessário que as condições ambientais e de alimentação sejam as adequadas. Ainda assim, a margem de erro é muito ampla: 7,5 cm para mais ou para menos.
Sim, considera-se normal que os recém-nascidos percam até 10% do seu peso inicial, devido ao esforço energético que implica aprender a mamar e a metabolizar o leite, mas também devido à eliminação do mecónio – primeiras fezes – e do líquido acumulado durante a gestação. Após 8 a 10 dias, o bebé deverá ter recuperado o peso do nascimento.
Sem dúvida! A hipófise segrega a chamada hormona do crescimento de forma mais eficaz durante o sono, sobretudo 60 a 90 minutos após se entrar na fase de sono profundo. Isto explica algo que já se intuía há muitos anos: que os bebés tranquilos e que mais dormem são maiores do que os que passam muitas horas acordados.
Mas há mais. Investigações recentes demonstraram que o carinho também estimula a libertação desta hormona, o que explica que as crianças maltratadas sofram, com frequência, problemas de atraso no crescimento.
Não. O ritmo de crescimento em altura é muito semelhante em ambos os casos, mas o ritmo de ganho de peso é superior nos bebés alimentados com biberão. Segundos os especialistas, é um facto comprovado que estes apresentam com, maior frequência, problemas de excesso de peso. Além disso, existem investigações que demonstram que o cérebro se ajusta aos padrões de alimentação, durante os primeiros meses de vida: e daí que os bebés que são nutridos em excesso, nesta fase, desenvolvem uma tendência para comer demasiado, no futuro. Apesar destas diferenças, ainda não existem tabelas aprovadas de crescimento específicas para crianças alimentadas com leite materno.
Não fique obcecada com este assunto. É aconselhável pesar o bebé 15 dias após o nascimento. A partir daí, é bom fazê-lo mensalmente e, se a criança não tiver qualquer problema, aos 6, 9 e 12 meses. Estas linhas, chamadas percentis, servem para conhecer o lugar que o seu filho ocupa relativamente aos restantes bebés da sua idade, mas sobretudo para comprovar que cresce e engorda a um ritmo regular. Existem curvas de crescimento para diferentes parâmetros – peso, altura, perímetro da cabeça –, mas as que mais se utilizam são as de peso e altura, que o pediatra verifica habitualmente na consulta. Todas estas curvas são traçadas a partir de tabelas numéricas.
Não. Estar no percentil 30 apenas significa que, comparado com outras 100 crianças normais, há 70 que medem mais e 30 que medem menos. Todos os percentis refletidos nos gráficos consideram-se dentro da normalidade. Apenas se deve preocupar se o seu filho estiver abaixo do percentil 3 ou acima do percentil 97, isto é, fora das tabelas. Verdadeiramente importante é crescer de forma mais ou menos regular, dentro de um determinado percentil.
Há que avaliar a relação entre o peso e a altura. Por exemplo, se o seu filho está no percentil 75 de peso e também no 75 de altura, é simplesmente uma criança grande. Mas se o peso está no percentil 75 e a altura, pelo contrário, se encontra no percentil 25, é uma criança com excesso de peso.
Os parâmetros mais úteis são o peso, a altura e o índice de massa corporal (peso em kg a dividir pelo quadrado da altura em cm), que é um dos mais utilizados. Também é importante, nos dois primeiros anos de vida, o controlo do crescimento craniano. Contudo, existem muitos outros parâmetros – perímetro do braço, da coxa, da anca –, mas que apenas são utilizados em determinadas patologias.
Geralmente, sim. Trata-se de um fenómeno que os especialistas denominam de “catch-up” e que consiste em retomar o ritmo de crescimento, que se tinha detido, durante a doença. Quando estão doentes, as crianças comem menos, vomitam e têm mais desgaste pela febre... Tudo isso faz com que o crescimento abrande, como mecanismo de defesa. Quando se restabelece o apetite, o ritmo de crescimento retoma e acelera-se ligeiramente, durante uns dias.
Quase todas as doenças, especialmente as crónicas – asma, diabetes, doença celíaca, cardiopatias, entre outras –, podem afetar o ritmo de crescimento, sobretudo quando coincidem com uma etapa de crescimento muito ativo, como os primeiros 18 meses de vida. Noutras fases, como dos 4 aos 6 anos, os períodos de doença são melhor tolerados. Isto, no entanto, não significa que, se a criança sofrer uma doença crónica, esteja condenada a ser baixa. Será fundamental ter um bom controlo médico da doença, para que o seu crescimento seja normal.
ALTURA
Até aos 2 anos, deve usar-se uma régua longitudinal para medir a altura, sempre com a criança deitada de barriga para cima e esticando-a com a ajuda de outra pessoa. A partir dos 2 anos, bastará colocá-la de pé junto a uma régua vertical, pedindo-lhe que se mantenha direita, com os pés juntos e olhando em frente.
PESO
Também até aos 2 anos, a balança do pediatra e a da farmácia constituirão o método mais fiável. A partir de então, poderá fazê-lo numa balança normal das usadas pelos adultos. Procure pesar a criança nua e, se possível, à mesma hora.
DURANTE O PRIMEIRO ANO
O mais frequente é que uma criança cresça, ao longo do primeiro ano, pelo percentil que tinha ao nascer: isto é, as crianças que nascem com uma estatura elevada costumam crescer com um percentil alto.
Mas nem sempre é assim: por vezes, certos problemas, durante a gestação, fazem com que os recém-nascidos sejam mais pequenos do que deveriam; ou, pelo contrário, uma gravidez muito favorável, gera uma relação de peso e altura superior ao que seria de esperar.
A combinação de todos estes fatores pode dar lugar a uma de três situações:
Mais de metade dos bebés com atraso de crescimento intrauterino recuperam, nos primeiros seis meses de vida, parte do peso e altura que não conseguiram alcançar durante a gestação. Contudo, é quase certo que as crianças que não conseguem esta recuperação, ao fim do primeiro ano, não o conseguirão nunca.
Pelo contrário, os lactentes grandes, que deveriam ser mais baixos ou magros, crescem lentamente durante os dois primeiros anos de vida, até que se colocam num percentil de crescimento inferior, mais adequado à sua herança genética.
Tanto no atraso do crescimento intrauterino como no crescimento lento, é necessário confirmar, através de estudos complementares, que não há outros problemas associados.
PERÍODO DE CRESCIMENTO LENTO
Estende-se desde os 3 anos até ao início da puberdade e designa-se por período de crescimento lento. A estatura aumenta entre 4 e 7 centímetros por ano. Perto da puberdade, o crescimento para, como se o organismo quisesse ganhar impulso para o crescimento acelerado, que vai ter lugar nos anos subsequentes.
O aumento de peso prossegue, também, num ritmo lento e constante (2,5 kg/ano), mas, ao contrário da altura, tende a acelerar-se progressivamente.
Nesta fase, não é normal que se produzam mudanças no percentil de crescimento das crianças. Se tal acontecer, deve ser clinicamente estudado.
Na puberdade, coexistem um ritmo de crescimento elevado e diversos fenómenos maturativos importantes, que terminarão com a formação de um ser adulto em todos os aspetos: crescimento, desenvolvimento sexual, capacidade intelectual e de reprodução.
Se o bebé é prematuro, como avaliarão o seu crescimento?
Não existem tabelas específicas para avaliar o crescimento dos bebés prematuros. Por exemplo, nalguns hospitais, utilizam-se as tabelas de crescimento fetal das últimas semanas de gestação para seguir a evolução destas crianças nas primeiras semanas de vida. Mais adiante, pode recorrer-se às tabelas normais, calculando a chamada “idade corrigida”, isto é, a idade que o bebé teria se tivesse nascido de termo.
Como se calcula a idade corrigida?
Obtém-se o valor da idade corrigida nos prematuros retirando à idade real da criança o tempo que se adiantou ao nascimento. Por exemplo, se nasceu às 32 semanas de gestação – dois meses antes do termo –, quando cumprir 3 meses, a sua idade corrigida será de 1 mês. No momento de estimar a posição de um prematuro dentro dos gráficos de percentil, é necessário ter sempre em conta a idade corrigida.
Quando entrará no ritmo de crescimento normal?
O habitual é que o bebé prematuro alcance o ritmo normal nos primeiros 3 a 4 meses, primeiro no peso e depois na estatura, salvo no caso dos grandes prematuros, que levam um pouco mais de tempo a normalizar.
A obesidade já não é um mero problema estético: é considerada pelos especialistas como uma doença crónica, com grandes repercussões sanitárias, chegando mesmo a ser designada pela “epidemia do século XXI”. Segundo dados recentes, mais de 30% das crianças portuguesas com idades compreendidas entre 1 e 3 anos têm excesso de peso e cerca de 7% apresentam mesmo obesidade.
A vida sedentária dos nossos filhos, o consumo excessivo de gorduras na alimentação quotidiana e a ausência de exercício físico são os principais responsáveis pelo alarmante aumento dos casos de obesidade entre os pequenos.
Outros fatores de risco arrastam-se desde os primeiros dias de vida: pesar mais de 3,5 kg ao nascer e não ter sido amamentado predispõem ao excesso de peso e, inclusive, à obesidade na vida adulta.
A diabetes tipo 2 e as doenças cardiovasculares são apenas algumas das complicações a que o excesso de peso na infância pode conduzir. Se quer começar a combater o problema desde o berço, tome nota dos seguintes conselhos:
Se a mulher teve uma nutrição incorreta durante os nove meses de gravidez, a criança, além de nascer com baixo peso, poderá não nunca atingir o seu potencial de crescimento
A vida sedentária das crianças, o consumo excessivo de açúcares e gorduras e a ausência de exercício físico são os principais responsáveis pelo alarmante aumento dos casos de obesidade .