E-NEWSAÚDE #4

Julho | Agosto 2018

SAÚDE E MULHER

Varizes: Cerca de 40% das mulheres afetadas

Saúde Mulher 16 artigo

A INSUFICIÊNCIA VENOSA – VULGARMENTE CONHECIDA COMO VARIZES – É UM PROBLEMA DE SAÚDE PÚBLICA, COM UMA ENORME REPERCUSSÃO SOCIOECONÓMICA, DADO QUE AFETA QUASE 40% DAS MULHERES.

As varizes são, atualmente, um problema importante, já que a sua prevalência é enorme: entre 30 e 40 por cento das mulheres têm algum grau de insuficiência venosa, garantem especialistas em cirurgia vascular, sublinhando que esta patologia é um problema de saúde pública com grande repercussão socioeconómica.
Com efeito, a insuficiência venosa tem custos elevados e um impacto negativo na qualidade de vida da mulher, nomeadamente no seu desempenho profissional, já que, muitas vezes, quando revela complicações, a doença pode evoluir para uma situação de incapacidade parcial ou definitiva, provocando um absentismo laboral significativo.

COMO SURGEM AS VARIZES?

As varizes são veias dilatadas e nodosas. Embora possam surgir em qualquer zona do corpo humano, as varizes ocorrem mais vulgarmente ao nível das pernas.
Existem dois tipos de veias principais nas pernas: as veias profundas – que se encontram entre os músculos e que transportam cerca de 90% do sangue – e as veias superficiais – que são, muitas vezes, visíveis sob a pele.
Depois de oxigenar os tecidos das pernas, o sangue em circulação é recolhido pelas veias e bombeado para cima, devido a contrações dos músculos das pernas. As válvulas existentes nas veias impedem o refluxo do sangue, neste caso para o pé, por ação da força da gravidade. Contudo, estas válvulas têm de suportar uma grande coluna de sangue e, em muitas pessoas, aquelas deterioram-se, causando a acumulação de sangue nas veias superficiais, as quais ficam inchadas e dolorosas.

Os fatores que podem contribuir para o desenvolvimento de varizes incluem a obesidade, alterações hormonais e pressão nas veias pélvicas durante a gravidez, alterações hormonais na menopausa e a permanência de pé durante grandes períodos de tempo.

As varizes são extremamente comuns, afetando cerca de 15% dos adultos. As mulheres são as mais afetadas e este distúrbio tende a ser hereditário. As localizações mais comuns são a parte posterior da barriga da perna e a parte interna das pernas.

INESTÉTICAS E DOLOROSAS

Além de serem inestéticas, as varizes são, por vezes, bastante dolorosas, sendo também responsáveis por cansaço das pernas.
Algumas pessoas não sentem quaisquer sintomas, mas outras experimentam uma dor intensa na área afetada – que piora quando se permanece muito tempo de pé –, edema dos pés e dos tornozelos e prurido cutâneo persistente.
Estes sintomas agravam-se progressivamente durante o dia e só conseguem ser aliviados se a pessoa se sentar com as pernas elevadas. Nas mulheres, os sintomas são, muitas vezes, mais incómodos precisamente antes da menstruação.
Em casos graves, os tecidos das pernas não recebem oxigénio nem nutrientes suficientes. Por este motivo, a pele torna-se fina, dura, seca, escamosa e descorada, o que dar origem à formação de úlceras.

DIAGNÓSTICO E TRATAMENTOS

As varizes das pernas são diagnosticadas a partir de um exame físico, efetuado com o doente de pé.
Para muitas pessoas, o único tratamento necessário consiste em controlar o excesso de peso, usar meias de descanso elásticas, andar regularmente, permanecer de pé o menos possível e sentar-se frequentemente, com os pés elevados.
Como complemento às alterações de estilo de vida, os doentes têm à sua disposição tratamentos farmacológicos, que não sendo curativos, têm um papel importante, uma vez que contribuem para o alívio dos sintomas.
Em casos mais graves, pode efetuar-se uma escleroterapia. A veia afetada é, primeiro, esvaziada de sangue e, depois, com uma solução irritante. Depois da injeção, é aplicada uma pressão firme, por forma que as paredes da veia sejam comprimidas uma contra a outra. A compressão é mantida, por meio de uma ligadura apertada. A cicatrização e a oclusão da veia injetada fazem que o sangue venoso seja desviado para outras veias saudáveis.
Se forem muito dolorosas, se se encontrarem ulceradas ou tiverem tendência para sangrar, as varizes pode requerer a remoção, por meio de uma operação conhecida por excisão. A operação leva, geralmente, cerca de meia hora. O doente tem de manter a perna ligada, durante várias semanas.
Tanto a escleroterapia como a cirurgia são geralmente bem sucedidas, mas podem surgir, mais tarde, varizes noutros locais.
De qualquer forma, para prevenir a patologia e evitar a respetiva evolução, ainda segundo os especialistas, é fundamental um diagnóstico e tratamento precoces, onde os hábitos de vida corretos desempenham um papel de suma importância.

 

Tipos de varizes

TELANGIECTASIAS (TIPO I) – Mais conhecidas por derrames, assemelham-se a aranhas de cor roxa, azul ou vermelha e podem provocar ligeiras picadas.

RETICULARES (TIPO II) – São veias de um azul intenso, bem visíveis, mas não salientes, ou seja, sem relevo nem percetíveis ao tato, que alimentam as telangiectasias.

TRONCULARES (TIPO III) - Estas são já varizes no seu estado mais avançado, que se caracterizam por serem grossas, cilíndricas e bastante percetíveis.

 

Diagnóstico com ecodoppler

O ecodoppler é um método de diagnóstico não invasivo, destinado a detetar e classificar as doenças vasculares, arteriais e venosas. No caso concreto das varizes, a possibilidade de estudo da circulação venosa tem vindo a permitir um melhor conhecimento anatómico e hemodinâmico da mesma. A ecografia permite visualizar com pormenor a parede venosa, as válvulas venosas, estruturas adjacentes como as fascias e gânglios linfáticos, e o próprio sangue circulante.
O exame ecodoppler venoso tem vindo a ter, desta forma, reflexos no conceito tradicional do processo de início e evolução das varizes dos membros inferiores, bem como no tratamento das mesmas.


Perguntas frequentes

As varizes são um problema de saúde ou estético?

Isolados, os derrames não representam um problema de saúde. Mas, geralmente, estes surgem combinados com veias maiores, já dilatadas e sinuosas. Mesmo que não sejam aparentes, se sentir dor, inchaço e calor nas pernas, vale a pena procurar um médico especialista.

O que fazer para evitar as varizes?

O aparecimento de varizes é inevitável se a pessoa tem tendência a desenvolvê-las. No entanto, alguns cuidados podem ser tomados, para que o paciente conviva melhor com o problema, tais como evitar o uso continuado de pílulas anticoncecionais, praticar atividade física regularmente e evitar a obesidade.

Existe “cura” para as varizes dos membros inferiores?

As varizes dos membros inferiores constituem uma doença crónica dependente de uma tendência hereditária e de fatores agravantes. Sendo ligada à hereditariedade, não se pode falar em “curar” varizes, porque a tendência estará sempre presente e novas varizes poderão aparecer, durante toda a vida do indivíduo. No entanto, esta doença é controlável e as pessoas podem passar toda a sua existência sem que as varizes sejam um problema de saúde ou estético.

Quais os tratamentos disponíveis?

Como todas as doenças crónicas, quanto mais cedo se iniciar o tratamento, melhor. Desde estéticos, termais, alternativos, farmacológicos e trópicos ou cirúrgicos, várias são as hipóteses, dependendo de cada caso e da gravidade das situações.

As meias elásticas evitam as varizes?

Cientificamente, não há nada que prove que o uso contínuo de meias elásticas evita as varizes. A meia elástica, quando usada na compressão e medida corretas, evita a dor e o edema nos membros inferiores. No entanto, deve ser sempre receitada por um médico especialista.

A cirurgia vascular é perigosa?

Todo o tipo de procedimento cirúrgico é delicado e a cirurgia às varizes não foge à regra. Entretanto, como esta é uma cirurgia superficial, o risco operatório é mínimo. Além disso, as complicações causadas por varizes não tratadas superam, em muito, qualquer risco operatório.

As veias que forem retiradas vão fazer falta?

Não. O sistema venoso superficial dos membros inferiores é como que uma “rede”, ou seja, as veias tem comunicações entre si: quando se retira uma veia do sistema, o sangue passa a circular por outra veia que estava em comunicação com aquela retirada.

Depois de tratadas, as varizes voltam a aparecer?

Uma pessoa que é operada à vesícula ou o apêndice nunca mais terá problemas nestes locais, porque só existe um apêndice e uma vesícula. Já as veias, como estão espalhadas por todo o corpo e com não é possível retirar todas, vão surgir sempre. No entanto, convém frisar que uma mesma variz nunca volta a reaparecer.
As varizes surgem, sobretudo, por influência hereditária, o que não significa que uma veia sã não possa vir a adoecer.
Este facto não invalida que o doente faça um tratamento adequado, porque varizes não cuidadas poderão levar a sérias complicações no futuro.

Para prevenir a patologia e evitar a respetiva evolução, é fundamental um diagnóstico e tratamento precoces.

Se forem muito dolorosas, se se encontrarem ulceradas ou tiverem tendência para sangrar, as varizes podem requerer a remoção.

Para prevenir a patologia e evitar a respetiva evolução, é fundamental um diagnóstico e tratamento precoces.

Se forem muito dolorosas, se se encontrarem ulceradas ou tiverem tendência para sangrar, as varizes podem requerer a remoção.

logo saude be


^