E-NEWSAÚDE #3

Maio | Junho 2016

Saúde e Beleza

Segredos da pele masculina

estetica 3 artigo

FATORES FISIOLÓGICOS, EXTERNOS E COMPORTAMENTAIS CONFEREM À PELE MASCULINA ESPECIFICIDADES QUE A DIFERENCIAM DA PELE DAS MULHERES, FACE ÀS QUAIS SÃO NECESSÁRIOS CUIDADOS DIÁRIOS ADEQUADOS, COM FORMULAÇÕES DESENVOLVIDAS À MEDIDA E CAPAZES DE DAR RESPOSTA A PREOCUPAÇÕES BEM DEFINIDAS.

A pele do homem apresenta características específicas, que se devem especialmente à influência hormonal. Com efeito, a segregação de hormonas sexuais masculinas é muito mais elevada nos homens, o que explica que a sua pele, órgão hormonodependente, apresente diferenças face à pele das mulheres, tanto do ponto de vista fisiológico como estrutural. Não sendo diferenças fundamentais, tratam-se de variações na forma como se expressam certos fenómenos da pele.

PELE MAIS ESPESSA

Experiências efetuadas em indivíduos de ambos os sexos, medidas em ecografia ultrassónica, demonstraram que a pele do homem é mais espessa face à da mulher (mais 16%, em média), o que a torna sensivelmente mais resistente. Este aspeto foi demonstrado, quer na pele do rosto, quer na das costas da mão. Tal como para a epiderme e para a camada córnea, a espessura da derme é, ela também, mais importante no homem do que na mulher. Em todas as idades, correlativamente à sua espessura, a derme do homem apresenta uma densidade superior de colagénio. Inversamente, o tecido adiposo sub-cutâneo é mais espesso na mulher do que no homem. Além disso, a distribuição do tecido adiposo sub-cutâneo varia segundo o sexo: no homem, a gordura acumula-se na zona superior do corpo (tórax, abdómen, ventre), enquanto que na mulher se concentra na região inferior (coxas e quadris).
No que diz respeito à organização do tecido adiposo, a desigualdade entre sexos é também flagrante. Com efeito, a configuração dos lóbulos gordurosos é específica da mulher, sendo estes encarcerados em divisórias perpendiculares, que acentuam a sua pressão sobre a epiderme. Esta disposição traduz-se, a nível da superfície cutânea, por um aspeto irregular, correntemente chamado “casca de laranja”, característico da celulite, que afeta essencialmente as mulheres. Em contrapartida, no homem, os lóbulos são mais pequenos e dispostos mais obliquamente, diferindo assim pelo seu sistema de ancoragem às camadas subjacentes.

ENVELHECIMENTO MAIS TARDIO

A espessura da pele masculina diminui progressivamente com a idade, enquanto que a espessura da pele feminina permanece mais estável até cerca dos 55 anos, a idade da menopausa, para diminuir acentuadamente só a partir desta idade. Sob o plano biofísico, sabe-se que a pele dos homens é mais firme do que a das mulheres até cerca dos 30 anos, idade a partir da qual diminui acentuadamente, para voltar a estabilizar pelos 40-50 anos de idade. A firmeza da pele feminina, por sua vez, diminui gradualmente a partir de 30 anos.
Da mesma forma, a pele dos homens é mais elástica do que a das mulheres, mas a sua elasticidade diminui mais rapidamente. No homem, as rugas surgem mais tardiamente, mas, em contrapartida, logo que o processo é despoletado, a pele enruga-se mais rápida e profundamente. O que é gradual na mulher é mais abrupto no homem. Exames clínicos realizados permitiram, aliás, constatar que as dobras e os sulcos cutâneos são frequentemente mais marcados e mais profundos sobre um rosto masculino do que sobre um rosto feminino, em indivíduos da mesma idade.

FUNÇÃO SEBÁCEA MAIS RELEVANTE

Inúmeros autores demonstraram que a segregação sebácea, fraca durante a infância, começa a aumentar na puberdade, para permanecer a um nível bastante elevado durante idade adulta e diminuir apenas na velhice. Nenhuma diferença digna de referência entre os dois sexos foi observada durante a infância; contudo, com a chegada da puberdade, a segregação sebácea torna-se mais elevada no homem. A taxa de secreção sebácea, após ter atingido o seu máximo, entre os 25 e os 40 anos em ambos os sexos, diminui seguidamente com a idade, mas mais marcadamente na mulher. No homem maduro, os níveis de sebo diminuem muito ligeiramente com a idade. Na mulher, em contrapartida, a segregação sebácea diminui progressivamente após a menopausa, provocando uma drenagem cutânea bem conhecida. Um estudo de Nazarro-Porro ilustra perfeitamente o que mencionámos previamente: observa-se uma taxa de lípidos de superfície mais importante nos homens do que nas mulheres e é a partir dos 15-25 anos que vai crescendo, com o seu auge aos 46-55 anos. Isto ressalta o facto de os homens terem a pele frequentemente mais gorda do que as mulheres, o que explica que as imperfeições cutâneas relacionadas a este tipo de pele sejam mais frequentes nos homens mais jovens. Estes dados levaram a que se procurasse conhecer a influência das hormonas sexuais sobre a secreção sebácea.
Com efeito, as hormonas sexuais masculinas representam o principal estímulo da glândula sebácea. No homem, a principal hormona sexual é a testosterona, a qual está, em grande parte, ligada a uma betaglobulina de transporte na corrente sanguínea. Só a fracção livre (cerca de 1%, mas mesmo assim 10 vezes mais elevada no homem que na mulher) pode penetrar nas células da glândula sebácea e ser transformada pela ação de uma enzima, para chegar à única forma biologicamente ativa capaz de estimular a secreção sebácea.
Este mecanismo hormonodependente explica que o homem tenha sempre uma secreção sebácea mais forte do que a mulher e traduz-se, igualmente, nos problemas de imperfeições da pele mais frequentes nos rapazes.
Além disso, no homem, as glândulas sebáceas são mais volumosas e mais numerosas sobre o rosto, o couro cabeludo e os órgãos genitais. Da mesma forma, os poros (orifícios dos folículos pilossebáceos) são mais dilatados, que parece estar relacionado com a abundante secreção sebácea, o que se conjuga para tornar os poros mais visíveis no homem do que na mulher.

SECREÇÃO SUDORÍPARA MAIS FORTE

Existem claras diferenças entre os dois sexos a nível de secreção de suor, sendo as glândulas sudoríparas mais numerosas na mulher do que no homem. Contudo, enquanto a intensidade da transpiração é mais elevada no homem ao nível das axilas, entre o 15 e os 50 anos, face ao que se verifica na puberdade, ela é mais forte no que toca às mãos e aos pés, quando falamos nas raparigas.
Os homens transpiram quantitativamente mais do que as mulheres e a sua transpiração tem início a uma temperatura menos elevada, o que significa que transpiram mais fácil e rapidamente, à medida que aumenta a sua condição de stress térmico. O pH médio do suor masculino está cerca de 0,5 unidades abaixo do suor feminino, ou seja, é mais ácido. O elemento responsável por esta acidez é o teor de ácido láctico, que provém da degradação glicogénio nas glândulas sudoríparas. Este teor é mais elevado no homem do que na mulher e influencia o pH do suor masculino.

SISTEMA PILOSO MAIS DESENVOLVIDO

Os homens possuem uma pilosidade mais desenvolvida: as hormonas masculinas estimulam o crescimento do cabelo, enquanto que as hormonas femininas o limitam. Apesar da aparência, a densidade dos pelos é semelhante no homem e a mulher, mas a mulher tem mais penugens do que pelos.
Na puberdade, o sistema piloso do homem apresenta transformações específicas, sob a influência das hormonas sexuais masculinas. Os pelos desenvolvem-se com grande densidade sobre o tórax, os braços, as pernas e o rosto. A barba aparece, primeiro sobre o lábio superior, seguidamente pelo queixo, estendendo-se, por último, às faces e pescoço. Por exemplo, conforme um homem possua uma barba mais ou menos densa, esta pode ter entre 6000 e 25.000 pelos.

FATORES CLIMÁTICOS

Por estar a descoberto e sem proteção, o rosto é a parte do corpo mais exposta a este tipo de agressão, do qual fazem parte o frio, o vento, o calor e o sol. Ao contrário da pele feminina, a pele masculina não está protegida pela maquilhagem e, além disso, a aplicação de produtos com uma função protetora é menos corrente nos homens.
Fatores como o vento, o frio e o calor provocam uma alteração da camada córnea e uma desidratação da epiderme. Estes efeitos nocivos, induzidos pelos fatores climáticos, são sempre mais acentuados nos homens: com efeito, embora a sua pele seja mais espessa e tendencialmente mais gorda – o sebo é um constituinte do filme hidrolipídico de superfície, protetor natural da pele contra as agressões externas –, é mais fragilizada, nomeadamente pelo barbear diário.

FATORES COMPORTAMENTAIS

A falta de sono, o cansaço, o trabalho prolongado frente ao ecrã do computador, o tabaco, o álcool e os desequilíbrios alimentares podem ter repercussões a nível cutâneo, em especial nas zonas dos contornos dos olhos, onde a pele é mais fina, que ficam mais marcadas e nos papos (ligeira inflexão da pálpebra inferior) e olheiras, que se tornam mais visíveis nos homens, até porque eles não utilizam habitualmente maquilhagem para os camuflar.

BARBEAR DIÁRIO

Aquando da puberdade, paralelamente ao aumento da secreção sebácea, pelos espessos e pigmentados cobrem o rosto dos jovens, substituindo a penugem fina e transparente que antes cobria parte da sua superfície. Surge, assim, a necessidade de começar a fazer a barba.
O barbear é uma prova diária para a epiderme masculina: esta é, com efeito, uma agressão repetida para a pele, que se torna sensível e frágil. Trata-se de um stress constante para a pele do homem, já que a camada celular externa da camada córnea é eliminada, antes que as suas células iniciem o seu ciclo natural.
Esta ação acelera a renovação celular e expõe ao meio externo células “não programadas” para contrariarem estes efeitos. Além desta fragilização da epiderme, há uma alteração do filme hidrolipídico protetor da superfície, filme que constitui, em certa medida, um “cosmético natural” para a pele, protegendo-a das agressões externas. No homem, o barbear altera este filme ou elimina-o em parte.

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