QUEM NUNCA SENTIU, DURANTE UMA VIAGEM DE AVIÃO OU AUTOMÓVEL, ESSA DESAGRADÁVEL SENSAÇÃO DE ENJOO PERSISTENTE? O ENJOO DO MOVIMENTO É UM TRANSTORNO MUITO COMUM, MAS QUE TEM REMÉDIO.
Quando viajamos de automóvel, comboio ou avião, é bastante provável que se produza um ligeiro estado de confusão entre os sistemas que utilizamos para nos orientarmos, formados pela vista, pelo sentido de equilíbrio e pela reação dos músculos. De alguma maneira, o corpo avisa-nos de que estamos em movimento, apesar de, na realidade, estarmos sentados e imóveis. Os músculos refletem a inatividade, não obstante os olhos registarem o movimento e a mudança do meio ambiente imediato. Por sua vez, os órgãos responsáveis pelo equilíbrio transmitem, em cada curva, com a redução e a aceleração da velocidade, outro tipo de informações que não correspondem às enviadas ao cérebro pelos olhos.
A receção no cérebro de toda esta informação aparentemente contraditória está na origem dos enjoos e do mal-estar durante as viagens. Além disso, os movimentos irregulares provocam mudanças no líquido dos condutores semicirculares do ouvido, responsáveis, entre muitas outras coisas, pela manutenção do equilíbrio, facto que transmite ao cérebro a ordem de vómito.
Todos os sintomas descritos deixam de ocorrer quando o indivíduo se habitua ao tipo de deslocamento. Por exemplo, uma pessoa que viaja muito de automóvel, provavelmente, não ficará mal disposta. No entanto, ao viajar de barco pela primeira vez, o seu cérebro poderá não ser capaz de assimilar as impressões sensoriais contraditórias e é muito provável que acabe por se sentir enjoada.
Desta perspetiva, sofrer um mal-estar durante uma deslocação não pode ser considerado uma doença ou uma perturbação grave, mas apenas um mero sinal de alarme do organismo, perante uma situação que não controla de todo.
Calcula-se que entre 5 e 10% das pessoas são especialmente propensas a sofrer enjoos durante as viagens. É muito frequente afetar crianças entre os 8 e os 12 anos e mulheres de todas as idades, sobretudo as grávidas. Curiosamente, os bebés não costumam enjoar, porque o seu sentido do equilíbrio ainda não está desenvolvido. Também os idosos, devido à deterioração dos sentidos, toleram melhor esta pequena desordem.
Os sintomas do enjoo do movimento são constituídos por uma súbita sensação de fadiga, salivação excessiva, náuseas, vómitos, hiperventilação, suores e, inclusive, palpitações.
Durante os primeiros dois minutos, costumam aparecer suores frios, ao mesmo tempo que a pessoa empalidece. Também o bocejar contínuo, a sonolência, o impulso de deglutição ou uma repentina dor de cabeça podem ser sintomas de enjoo iminente.
Uma pessoa que reaja com excesso de sensibilidade às moléstias provocadas pelo movimento pode, inclusivamente, chegar a desmaiar. Em casos pontuais, é possível produzirem-se vómitos compulsivos, com risco de desidratação.
Se é propenso a enjoar, deve tomar um medicamento antiemético, cerca de meia horas antes de iniciar a viagem. Contudo, não são aconselháveis para quem vai conduzir um veículo, dado que produzem sonolência e reduzem os reflexos. Além dos medicamentos, experimente seguir estes conselhos:
Se está a planear fazer um cruzeiro e receia enjoar terrivelmente devido ao efeito da ondulação elevada, saiba que o tamanho das ondas não é um fator decisivo. São muito mais influentes fatores como o tipo de onda, a falta de sono, o hábito tabágico e o medo de enjoar.
Como medida preventiva, pode ingerir umas pastilhas antieméticas ou algum remédio natural, como o gengibre, uma raiz que ajuda a absorver os ácidos e bloqueia as náuseas. Experimente, por exemplo, tomar umas chávenas de infusão de camomila com gengibre natural, ingerir umas cápsulas de raiz da planta ou mastigar um pedaço de gengibre cru. Uma vez a bordo, o melhor é optar por refeições ligeiras e não tomar bebidas gasosas, café ou chá preto. Também é conveniente sair para a coberta e respirar ar puro, fixando sempre o olhar no horizonte. Quanto ao melhor local do navio, é preferível a popa (a parte posterior do barco), já que, na proa, sente-se mais a ondulação.
Como regra geral, saiba que estar de pé é mais eficaz do que permanecer sentado. Evite os odores desagradáveis, bem como conversas sobre enjoos e doenças! Se nenhum dos conselhos resultar, o melhor é deitar-se, tentar dormir e consolar-se pensando que os enjoos desaparecerão em pouco tempo.