E-NEWSAÚDE #5

Novembro | Dezembro 2016

ESPECIAL ADOLESCÊNCIA

Alimentação do adolescente : Necessidades específicas

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ENTRE OS 12 E OS 18 ANOS, A ALIMENTAÇÃO TEM UMA ESPECIAL IMPORTÂNCIA PARA O DESENVOLVIMENTO DO SER HUMANO. O CRESCIMENTO ACELERADO, O EXERCÍCIO FÍSICO INTENSO E O AUMENTO EXACERBADO DO APETITE SÃO ALGUNS DOS FATORES A TER EM CONTA NESTAS IDADES.

Em linhas gerais, são válidas todas as indicações em torno da alimentação da criança, referidas em artigos anteriores; no entanto, há que ter em conta a entrada em cena, na puberdade e adolescência, de uma série de novos fatores. Para começar, é muito frequente a mudança de gostos no jovem e no adolescente. Assim, o gosto pelas guloseimas e pelos doces, sobretudo, no que se refere a bebidas, cede lugar a uma atração pelo salgado e, inclusivamente, pelas bebidas fortes. Simultaneamente, o adolescente experimenta uma mudança substancial na sua conduta alimentar, ditada talvez pelo desejo de “ser mais velho”, que pode, em muitíssimos casos, estabelecer-se como o seu padrão dietético para o resto da vida.

NECESSIDADES ENERGÉTICAS

Por outro lado, durante a adolescência, existem marcadas diferenças entre os sexos. Uma das mais importantes, pelas suas repercussões no âmbito dietético, é a que se refere ao exercício físico. E, normalmente, os rapazes são mais virados para o desporto e desenvolvem uma maior atividade física do que as raparigas.
Se a isto juntarmos o facto de que os rapazes também têm maior apetite do que as jovens, é fácil concluir que, na hora de saciar o apetite – mantendo o equilíbrio dos nutrientes ingeridos – e de proporcionar-lhes a quantidade energética total adequada, as dietas dos rapazes e das raparigas também apresentam algumas diferenças.
Geralmente, bastam entre 2400 e 2600 kcal, no caso das raparigas, e perto de 3000, no caso dos rapazes, para satisfazer as necessidades energéticas diárias, nestas idades. É claro que estes valores são unicamente orientadores e não devem seguir-se rigidamente; assim, por exemplo, no caso de exercício físico intenso – suponhamos, uma competição desportiva – deverá aumentar-se razoavelmente o valor energético, na proporção da atividade concreta que o jovem vai efetuar.

O PERIGO DA “JUNK FOOD”

Neste artigo, merece especial atenção um detalhe que, muitas vezes, não é levado em conta e que pode resultar altamente lesivo e com consequências imprevisíveis. O grande apetite que caracteriza os adolescentes tende, por vezes, a saciar-se com aquilo a que os dietistas mais temem: a denominada “junk food”.
São vários os fatores que movem o adolescente, nas suas primeiras saídas sociais, a preferir os estabelecimentos de comida rápida ou a comer mal: o desejo de fazer como os mais velhos, o escasso poder de compra, sem esquecer a grande influência que sobre eles exercem os meios de comunicação, principalmente a televisão.

OUTROS ERROS DIETÉTICOS

É muito possível que, por desconhecimento, moda, falta de informação, entre outros inúmeros motivos, o valor energético diário exceda – e por muito – o necessário. A consequência disso é sobejamente conhecida: a obesidade. Esta alteração pode influenciar notavelmente o comportamento posterior do adolescente, sobretudo das jovens. Não esqueçamos que é esta a idade em que têm lugar os primeiros interesses amorosos dos jovens e isto, embora não pareça ter relação com a dietética, pode ser fonte de perturbações alimentares que, ocasionalmente, se instauram para toda a vida. Com efeito, muitos dos casos de anorexia começam com uma “rejeição amorosa”.
É normal que, por volta dos 14 anos, surja um motivo de preocupação que, até então, não se tinha manifestado: a silhueta. Este novo fator manifesta-se mais no sexo feminino do que no masculino. Influencia-o quer a maior precocidade de desenvolvimento das jovens quer a diferença das transformações morfológicas operadas em ambos os sexos. A aparição da menstruação e o desenvolvimento do peito parecem ter uma incidência clara neste fenómeno e, muitas vezes, no comportamento posterior dos afetados.
Notam – ou melhor, fazem-lhes notar – que estão “gordinhas” e, então, são capazes de se dedicarem com toda a sua força vital – que é muita – a modificar a sua alimentação. Muitas adolescentes, talvez por ignorância ou má informação, imaginam que, para emagrecer, o melhor é saltar refeições. A experiência demonstra que este é um dos métodos mais inadequados e de resultados mais duvidosos, uma vez que, na maioria das vezes, a hipoglicemia que se produz, devido a este jejum voluntário, leva a petiscar constantemente, ao longo do dia, o que conduz a exceder as necessidades energéticas.
Deve ter-se presente que as dietas com menos de 1800 kcal são deficientes, no que se refere ao consumo das vitaminas e dos minerais de que o adolescente necessita. Por outro lado, as necessidades proteicas diárias do adolescente são – em ambos os sexos – elevadas: cerca de duas gramas por quilo de peso. Recorde-se que ainda não terminou o período de crescimento e, por conseguinte, é indispensável o fornecimento de aminoácidos essenciais.

PEQUENO-ALMOÇO COMPLETO

Há que realçar a importância do ritmo alimentar. Geralmente, o organismo metaboliza melhor os alimentos se estes forem repartidos por três ou quatro refeições do que se se consumirem apenas em duas refeições diárias. Daí a enorme importância do pequeno-almoço. O adolescente deve habituar-se a tomar um pequeno-almoço completo, uma vez que este ajuda a evitar a vontade de comer a meio da manhã e é a melhor forma de prevenir maus hábitos dietéticos, em qualquer idade.
Um ritmo alimentar correto é aquele que fornece 25% da energia diária, precisamente, no pequeno-almoço e 30% no almoço, deixando para o lanche e para o jantar os restantes 15% e 30%, respetivamente. Convém não esquecer que é sempre importante começar as duas principais refeições com um bom prato de verduras ou legumes. O elevado poder saciante destes alimentos, bem como o seu baixo conteúdo calórico e a sua riqueza em fibras assim o aconselham.

Dieta de controlo de peso na adolescência

Os adolescentes com excesso de peso devem seguir uma dieta hipocalórica, controlada por um dietista ou nutricionista, que respeite ao máximo o equilíbrio nutricional, para perderem peso de forma saudável.
Quando se fala de equilíbrio nutricional, fala-se de: pelo menos, 50% do fornecimento calórico deve proceder dos hidratos de carbono, 20% das proteínas e um máximo de 30% das gorduras. Além disso, deve respeitar a ingestão de vitaminas, sais minerais e fibras.

ALIMENTOS A CONSUMIR

  • Farináceos: pão, massa, arroz, batata e leguminosas;
  • Frutas e verduras frescas ou congeladas;
  • Lácteos magros ou meio-gordos, no caso de os primeiros não serem bem aceites pelo adolescente;
  • Carnes magras (vitela, coelho, porco, frango, peru) e fiambres;
  • Peixe no geral;
  • Azeite, com moderação.
  • ALIMENTOS A EVITAR

    • Bolos e pastelaria no geral;
    • Todos os lácteos gordos, enriquecidos ou açucarados;
    • Gelados;
    • Bebidas refrescantes e sumos de fruta com açúcar;
    • Guloseimas e doces;
    • Snacks e fast-food.

     

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