E-NEWSAÚDE #5

Novembro | Dezembro 2016

Saúde e Prevenção

Colesterol e triglicéridos em alta

prevencao 1 artigo

O EXCESSO DE COLESTEROL OU DE OUTRAS GORDURAS NO SANGUE, COMO OS TRIGLICÉRIDOS, NÃO SE VÊ NEM SE SENTE, ATÉ SURGIREM AS DOENÇAS CAUSADAS PELA ATEROSCLEROSE, COM GRAVES CONSEQUÊNCIAS, PRINCIPALMENTE, A NÍVEL DO CÉREBRO E DO CORAÇÃO.

O excesso de colesterol ou de outras gorduras no sangue, como os triglicéridos, persiste sem provocar sintomas ou sinais, durante muitos anos, até que surjam as doenças causadas por aterosclerose, com graves consequências a nível do cérebro – acidente vascular cerebral, trombose ou hemorragia cerebral; do coração – angina de peito, enfarte do miocárdio, morte súbita; dos rins – insuficiência renal ou hipertensão secundária; do pénis – disfunção erétil; ou dos membros inferiores – claudicação intermitente ou gangrena.
Por isso, as pessoas devem procurar conhecer os seus valores de lípidos plasmáticos – colesterol e triglicéridos. Se os valores forem superiores aos desejáveis, é necessário determinar, em jejum, as frações do colesterol e os triglicéridos. Caso contrário, basta repetir a análise 3 a 4 anos mais tarde, em idades inferiores aos 45 anos, ou mais frequentemente, em idades superiores.

DIAGNÓSTICO DAS DISLIPIDEMIAS

Aos níveis elevados de lípidos plasmáticos, acompanhados ou não de valores baixos de colesterol HDL (colesterol “bom”), dá-se o nome de dislipidemia. As dislipidemias primárias, ou seja, aquelas não provocados por alterações metabólicas, são consequência de alterações genéticas. A hipercolesterolemia familiar é uma das mais frequentes, com um risco cardiovascular elevado, em idades jovens, requerendo uma vigilância médica especializada.
As dislipidemias secundárias são provocadas por várias doenças, condições e estilos de vida, que interagem com a maior ou menor predisposição genética de cada indivíduo e são as mais frequentes. A mais comum em Portugal é a hipertrigliceridemia, muitas vezes associada à obesidade, hipertensão arterial, tolerância à glicose diminuída, hiperuricemia – gota – e colesterol HDL diminuído.
As causas mais comuns das dislipidemias secundárias são: excesso de gorduras saturadas e colesterol, alcoolismo, obesidade, sedentarismo, tabagismo, diabetes, hipotiroidismo, doenças renais, doenças do fígado, doença do pâncreas e efeitos secundários de alguns medicamentos.

INTERVENÇÃO DIETÉTICA

Independentemente do tipo de dislipidemia e com exceção das formas graves, com valores lipídicos muito elevados e devido a mutações genéticas isoladas, em que o tratamento farmacológico deve ser imediatamente estabelecido, a intervenção dietética é o elemento-chave do tratamento, devendo ser mantida durante 3 a 6 meses. Se o perfil lipídico não normalizar, a terapia nutricional deve ser coadjuvada com a terapêutica farmacológica, mas não substituída por essa.
Tal justifica-se, não só pelos benefícios adicionais da terapia nutricional, que incluem a correção de outros fatores de risco cardiovascular e bem-estar geral, como também permite uma maior eficácia e a utilização de doses menores da medicação, com a consequente redução dos efeitos secundários.
Recomenda-se iniciar a terapia nutricional nos doentes sem doença coronária, que apresentem valores de colesterol LDL superiores a 150 mg/dl; no caso de existirem dois ou mais fatores de risco, quando as LDL forem superiores a 120 mg/dl; finalmente, os doentes com doença coronária devem iniciar a intervenção dietética com valores de colesterol LDL superiores a 100 mg/dl.

GORDURAS ALIMENTARES

Sem dúvida que, dos vários fatores nutricionais que influenciam os lípidos plasmáticos, as gorduras alimentares são os mais importantes e, não tanto pela quantidade, como pela qualidade. É de todos conhecido o efeito negativo produzido pelo excesso de gorduras saturadas, bem como o efeito benéfico das gorduras mono e polinsaturadas. Os polinsaturados são constituídos por duas famílias: ómega 6 – com efeito redutor no colesterol; e ómega 3 – redutores dos triglicéridos e, também, das arritmias ventriculares, causa de morte súbita.
Recomenda-se, deste modo, o consumo de peixes gordos, uma a duas vezes por semana. Contudo, os suplementos de óleos de peixe, devido aos seus efeitos sobre outros mecanismos, nomeadamente na coagulação sanguínea, não devem ser utilizados sem vigilância médica.
De destacar, também, o efeito benéfico dos antioxidantes, como a vitamina E, que não só protege o organismo e as gorduras da oxidação, como parece conferir uma proteção cardiovascular adicional. São cada vez maiores as provas de que os flavonoides, grupo de substâncias com propriedades antioxidantes – em que, por exemplo, o azeite, o vinho e o chá são ricos –, têm um efeito positivo na saúde cardiovascular.
As fibras solúveis, como as existentes na aveia, nas frutas, no feijão e noutras leguminosas secas ou verdes, como as ervilhas, têm igualmente o efeito de reduzir a colesterolemia, quando consumidos em doses suficientes.
Na hipercolesterolemia, a redução, mais ou menos drástica, do consumo de gorduras, especialmente de gorduras saturadas, continua a ser a pedra basilar da intervenção nutricional. As hipertrigliceridemias são frequentemente normalizadas, apenas com o controlo de peso e a diminuição do consumo de álcool e açúcares. O efeito da terapia nutricional e a sua continuação é absolutamente dependente, não só do tipo de alimentação anterior à terapia, mas também da capacidade do nutricionista estabelecer e apoiar um programa alimentar e de atividade física perfeitamente ajustado ao estilo de vida e condicionalismos económicos, culturais e afetivos de cada paciente.

Valores de referência

Hipercolesterolemia

ligeira

moderada

grave

Colesterol Total (mg/dl)

190-220

220-300

+ de 300

Hipertrigliceridemia

ligeira

moderada

grave

Triglicéridos (mg/dl)

150-200

200-400

+ de 400

O que é o quê?

  • Aterosclerose
    Condição progressiva, com início na infância, caracterizada pela deposição gradual de colesterol e outras substâncias no interior das artérias, diminuindo o seu calibre e, portanto, dificultando a circulação do sangue que vai irrigar o coração, cérebro e outros tecidos.
  • Colesterol sanguíneo
    Substância gorda essencial ao organismo, utilizada para a produção de hormonas, vitaminas e construção das paredes das células. Contudo, níveis elevados de colesterol contribuem para o desenvolvimento das doenças cardiovasculares. É transportado pelas lipoproteínas.
  • Dislipidemias
    Níveis elevados de lípidos plasmáticos – colesterol e ou triglicéridos –, acompanhados ou não de valores baixos de colesterol HDL.
  • Lipoproteínas de alta densidade (HDL)
    Conhecidas como o “colesterol bom”, transportam o colesterol em excesso na corrente sanguínea para o fígado, evitando que este se deposite nas paredes das artérias. Níveis elevados de colesterol HDL têm um efeito protetor relativamente às doenças cardiovasculares.
  • Lipoproteínas de baixa densidade (LDL)
    São conhecidas como o “colesterol mau” e, quando em excesso, são responsáveis pela deposição de colesterol nas paredes das artérias, formando placas de aterosclerose. Uma alimentação rica em gorduras saturadas aumenta os níveis de LDL no sangue e, consequentemente, o risco de doenças cardiovasculares.
  • Triglicéridos
    Níveis elevados de triglicéridos no sangue surgem frequentemente associados a outros fatores de risco, tais como obesidade e diabetes e são considerados, por alguns especialistas, um fator de risco independente para as doenças cardiovasculares, em especial na mulher.

Fatores que afetam os lípidos plasmáticos

  • ÁLCOOL - Aumenta os triglicéridos e o colesterol HDL
  • ALIMENTAÇÃO - Gorduras saturadas aumentam o colesterol total e LDL. Gorduras insaturadas diminuem o colesterol total e LDL. Ácidos gordos polinsaturados ómega 3 diminuem os triglicéridos. Fibras solúveis diminuem o colesterol total e LDL
  • DIABETES - Aumenta o colesterol total e LDL e os triglicéridos. Diminui o colesterol HDL.
  • EXERCÍCIO FÍSICO - Aumenta o colesterol HDL e diminui os triglicéridos.
  • IDADE - Aumenta o colesterol total e o colesterol LDL.
  • MEDICAMENTOS - Alguns, tais como os utilizados no tratamento da hipertensão e as pílulas anticoncecionais, podem alterar negativamente o perfil lipídico.
  • OBESIDADE - Aumenta o colesterol total e LDL e os triglicéridos plasmáticos. Diminui o colesterol HDL
  • SEXO - Mulheres até à menopausa têm níveis mais altos de colesterol HDL e menores de LDL.
  • TABAGISMO - Diminui o colesterol HDL e aumenta o colesterol total e LDL.

 

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